Não raras vezes vemos perfis em redes sociais de coaches: tem coach financeiro, tem coach de estudos para concurso, coach de atividade física, coach de relacionamentos. Enfim, há uma infinidade de coaches.
Há algum problema nisso? Há algum problema nas pessoas de valerem deste tipo de profissional para atingirem seus objetivos?
Quem me conhece sabe que uma das regras que eu me guio é a da “live and let live”, ou seja, viva e deixe viver. Com isso quero dizer que as pessoas devem ter a liberdade para assumir seus projetos de vida da forma que melhor entenderem ou da forma que melhor conseguirem.
A utilização de coaches, por si só, não é ruim. O coach pode lhe dar interessantes e importantes insights sobre aspectos que não estão claros para você.
O problema é a meu ver quando você coloca esse coach como o senhor da sua vida, o senhor de seu destino. Quando você passa a acreditar cegamente no que ele diz.
Precisamos tomar as rédeas de nossas vidas e assumir o compromisso de sermos os responsáveis pelas nossas escolhas. Não podemos terceirizar a função de decidir sobre o que queremos, quando queremos e como queremos.
Immanuel Kant fala sobre isso. Não, meu caro, ele não fala sobre coach mas poderia muito bem ser sobre isso quando no texto Was ist Erklarung (O que é o esclarecimento – alguns traduzem por iluminismo) ele fala que o homem precisa sair de sua menoridade.
Já há algum tempo tenho batido nesta tecla: sair de nossa menoridade significa muita coisa e, dentre tantos significados, eu digo que significa que não podemos delegar a tarefa de decidir sobre nossas vidas a quem quer que seja. Também significa que devemos olhar o mundo com um olhar que procure identificar suas complexidades e não reduzir o mundo a meras e simples oposições. Dá trabalho sair da menoridade e é um processo inacabado, um devir que exige continuamente de cada um de nós.
Respondendo à pergunta do título: qual o problema com os coaches? Rigorosamente nenhum. Como diria um velho conhecido, a culpa meu caro Brutus não está nas estrelas mas em nós.
Ótima reflexão. Muitas vezes nos levamos pelo embalo, “vamos descer a lenha nos coaches”, mas a questão está justamente nas pessoas que acabam terceirizando decisões importantes de suas vidas, ora por medo de tomar a decisão errada, ora por poder culpar outrem. Talvez essa “necessidade” buscar eu outro decisão que deveria ser sua, é que justifique essa propagação de coaches.
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